terça, 26 de maio / 2020

Uma equipe multidisciplinar de pesquisadores brasileiros desenvolveu um teste para diagnosticar a covid-19 a partir de uma fita e a leitura de um QR Code por um aplicativo. A ideia do grupo foi criar um teste rápido e barato, que pudesse ser comprado em farmácias e que a própria pessoa pudesse realizá-lo. "Quando diminuímos o custo do teste, permitimos que mais pessoas sejam testadas", explica Ilo Rivero, integrante da equipe, mestre em Informática pela PUC Minas, tutor da PUC Minas Virtual dos cursos do Instituto de Ciências Exatas e professor da Pós-graduação da PUC Minas, na disciplina de Internet das Coisas.

Com base em dois pilares – agilizar a notificação e diminuir o custo do teste - os pesquisadores desenvolveram uma fita diagnóstica utilizando o zebrafish, conhecido como peixe paulistinha. Para testar, a pessoa deve depositar a saliva na fita diagnóstica e aguardar a reação: se for negativo, a fita mostra uma linha; se positivo, o paciente verá duas linhas.

Cada fita possui um QR Code que deve ser lido a partir do aplicativo desenvolvido pela equipe de pesquisadores. As informações de positivo ou negativo podem ser acompanhadas pelas autoridades de saúde, o que permite um monitoramento mais ágil do avanço do coronavírus. No aplicativo, o paciente também responderá um questionário sobre os principais sinais clínicos da doença, como tosse e febre, por 14 dias.

A equipe participou do Global Virtual Hackathon Covid 19, competição internacional que premiou ideias inovadoras referentes ao novo coronavírus, e ficou em terceiro lugar na disputa que aconteceu em abril, com sede no Azerbaijão. Foram 600 projetos de 40 países. O Global Virtual Hackathon Covid-19 foi organizado pelo Ministério dos Transportes, Comunicações e Alta Tecnologia do Azerbaijão, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Hackathon é uma maratona de programação temática que envolve pessoas de diversas áreas do conhecimento. Geralmente, as equipes multidisciplinares precisam solucionar, de forma criativa e em pouco tempo, um problema com o desenvolvimento de sistemas ou aplicativos.

Entenda como funciona o teste

A equipe injetou a proteína do novo coronavírus em fêmeas de peixes paulistinha, que produziram anticorpos. Após a reprodução, esses anticorpos passam para os ovos. Uma fêmea do zebrafish coloca em torno de 200 a 500 ovos em cerca de 24 horas", explica Ilo. A equipe isola esses anticorpos que são utilizados nas fitas diagnósticas. "Através de um processo químico, colocamos os anticorpos em uma fita de celulose e, a partir de então, a pessoa pode aplicar sua saliva na fita, permitindo que os anticorpos ali presentes reajam com a saliva mudando a fita de cor. Isso faz com que consigamos ter um teste que saia, relativamente, bem mais barato que um teste atual de laboratório. Nosso teste está em torno de cinco dólares (cerca de 26 reais com a conversão) e um teste normal está em torno de 200, 300 reais", conta.

O objetivo da equipe é criar esse teste em escala global. O peixe pode ser criado facilmente e, por um animal adulto possuir até cinco centímetros de comprimento, o espaço para sua criação pode ser otimizado. Além dessa facilidade, o peixe não precisa ser abatido para a aquisição desses anticorpos. "O prêmio do projeto ajudou a equipe a comprar os insumos necessários para realizarmos os testes de validação, que estamos finalizando nesta semana. Já estamos em contato com algumas empresas e verificando a possibilidade de licenciamento, para poder fazer a adoção em larga escala", conta Ilo. O desafio agora é conseguir apoiadores para viabilizar os testes em larga escala e possibilitar que a população seja testada de forma segura, rápida e barata.

A equipe é formada por Ives Charlie da Silva, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, líder da equipe; Ilo Rivero, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; Juliana Moreira Mendonça Gomes e Letícia Gomes de Pontes, ambas do ICB; Bianca Helena Ventura Fernandes, do biotério central da Faculdade de Medicina (FMUSP) da USP – Unidade Zebrafish; Roger Chammas, diretor do biotério central da FMUSP; Luciani Carvalho, coordenadora do núcleo Multiusuários de Zebrafish da FMUSP; Natália Feitosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em Macaé; Marco Belo, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal; Bruno Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e Kátia Conceição, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

 

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